Tempo de leitura: 3 minutos
A transformação digital chegou de vez à comunicação corporativa, e a assessoria de imprensa está no centro dessa mudança. A popularização das ferramentas de inteligência artificial (IA) tem alterado profundamente a forma como as marcas planejam, produzem e mensuram suas estratégias de visibilidade. Do monitoramento de menções em tempo real à análise preditiva de tendências, a tecnologia vem ampliando o alcance e a precisão das ações de imprensa.
Segundo o Cision 2024 State of the Media Report, 42% dos jornalistas já utilizam ferramentas baseadas em IA para apoio em tarefas como revisão de texto e verificação de fatos. O mesmo estudo mostra que 61% dos profissionais de comunicação acreditam que a IA será essencial para análise de dados e mensuração de resultados. Esses números reforçam que a automação está cada vez mais integrada ao processo de produção e divulgação de notícias.
No entanto, o avanço da tecnologia também levanta um debate importante: até que ponto a IA pode substituir o olhar humano na comunicação? Embora plataformas consigam identificar tendências e organizar informações em segundos, a interpretação contextual, a curadoria de pautas e a sensibilidade jornalística continuam sendo atributos essencialmente humanos. “A inteligência artificial ajuda a processar dados, mas é o assessor que transforma informações em histórias que geram impacto”, avalia Michel Alexander, especialista em comunicação estratégica da MGAPress.
Na prática, a IA tem se mostrado uma grande aliada em atividades operacionais. O uso de algoritmos para rastrear menções, medir engajamento e gerar relatórios automáticos economiza horas de trabalho manual. Com isso, os assessores de imprensa podem direcionar seus esforços para tarefas mais analíticas, como o relacionamento com jornalistas e o desenvolvimento de narrativas institucionais consistentes.
Outro impacto direto está na personalização da comunicação. Com base em dados e análises preditivas, as assessorias conseguem compreender melhor os temas de interesse da mídia e sugerir pautas mais assertivas, elevando a taxa de publicação. Essa inteligência de dados também ajuda a monitorar riscos reputacionais e antecipar potenciais crises antes que se tornem públicas.
Mas nem tudo são vantagens. O uso indevido de IA, sem supervisão humana, pode comprometer a autenticidade das mensagens e até gerar erros factuais. Casos de conteúdos automatizados publicados sem verificação já levantaram discussões sobre a confiabilidade da comunicação corporativa. “Automatizar não é o mesmo que comunicar. A tecnologia deve servir à estratégia, e não o contrário”, reforça Alexander.
Empresas que desejam se destacar no cenário digital precisam equilibrar inovação com ética e responsabilidade. A assessoria de imprensa tem o papel de garantir que as informações divulgadas sigam critérios jornalísticos e reforcem a reputação institucional. Nesse sentido, a IA é uma ferramenta poderosa, desde que usada com propósito e transparência.
Para o futuro, especialistas acreditam que a união entre tecnologia e sensibilidade humana será o diferencial competitivo das assessorias. Aquelas que souberem usar a inteligência artificial para ampliar o alcance de suas estratégias — sem abrir mão do pensamento crítico e da curadoria humana — estarão mais preparadas para atuar em um ambiente de comunicação cada vez mais complexo e dinâmico.