Na década de 1980, a então jornalista Telma Hartmann trabalhava em projetos sociais de inclusão de pessoas com deficiência. Mas, foi depois de ler o livro “Somos todos criativos” que ela percebeu que a sua missão era incentivar o lado artístico desses indivíduos.
Pensando nisso, Hartmann abriu o próprio ateliê. A sua ideia era desenvolver as habilidades das pessoas com deficiência a se expressarem. “O nosso aluno também passa pela angústia da criação, por todo o processo criativo. Não existe uma arte de pessoa com deficiência”, ressalta a artista.
A criação do próprio ateliê
Para colocar em prática o seu projeto, a artista plástica se inspirou em oficinas de outros países. Isso fez com que a sua vontade de criar e desenvolver os outros a se expressarem artisticamente só aumentasse. “Era a necessidade interior de buscar formas, trabalhar espaços, onde os meus parâmetros seriam a total flexibilidade de limites a mim imposta”, confessa a artista.
Nesse contexto é que surgiu o ateliê Telma Hartmann. Aberto há mais de 20 anos, o espaço hoje tem aulas dinâmicas e que envolvem desde o estudo sobre o artista até a produção da obra em si. Tudo é escolhido pelo próprio aluno, que tem total autonomia sobre o que irá conhecer, aprimorar e criar artisticamente.
De acordo com a artista, a vivência do ateliê tem uma abordagem triangular, que inclui a leitura das obras, a produção de algo que dialogue com elas e a avaliação o que foi feito. O objetivo do ateliê é favorecer os alunos para que se conheçam melhor e se expressem com total liberdade. “Não faz parte dos objetivos das aulas que seus participantes sejam ganhadores de prêmios ou troféus. Mas, a liberdade para criar, o respeito como pessoa, o valorizar-se, o perceber-se e o enxergar-se fazem com que a pessoa com deficiência ultrapasse seus próprios limites”, afirma a Hartmann.
As obras criadas pelos alunos também costumam ser comercializadas em diversas galerias nacionais. O ateliê também já representou o Brasil na França e realizou um curso em parceria com a Pinacoteca de São Paulo, além de participar de exposições nacionais e internacionais.
As vivências são voltadas para o desenvolvimento das habilidades técnicas e cognitivas dos alunos. Para isso, eles realizam diversos tipos de experimentos, para garantir a autonomia no percurso criativo. “Apesar de eu ser a idealizadora, o ateliê é deles…eles são os protagonistas e os artistas da história”, conclui Telma.
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.